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Sábado passado, por quase duas horas, ouvi um professor gabar-se de suas habilidades pedagógicas. Segundo o docente, ele não fora contratado pela escola, mas sim praticamente agarrado na rua. O estabelecimento precisava desesperadamente que ele desse aula ali, no ato, na hora, sem nenhuma preparação. E foi exatamente o que ele fez.
Como, segundo sua própria modesta, ele dominava o conteúdo, com a ajuda de uma folha de sulfite e um fio de telefone foi capaz de ensinar matemática das 12:30 às 18:00 sem parar. Lembrei-me do Mac Gyver.
A proeza desse professor aconteceu em um cursinho para concursos. Além de trabalhar nesse cursinho, o dito professor também leciona na escola pública onde, segundo ele, não se dedica tanto. Não conseguirei reproduzir textualmente o que disse, mas foi algo próximo disso:
“não me dedico tanto no Estado como me dedico aqui. Minha aula no Estado não é tão preparada e isso por causa dos alunos, que não valorizam o trabalho do professor”
Sem julgar definitavamente ninguém, faço algumas perguntas:
- O problema da rede estadual de ensino está nos alunos que não valorizam o trabalho docente?
- Os alunos não valorizam o trabalho docente porque percebem que o trabalho desenvolvido é de baixa qualidade e sem comprometimento?
- A falta de comprometimento dos docentes e a não valorização pelos alunos não resultam no descaso das autoridades competentes?
- As autoridades competentes tratam com descaso o problema do ensino e disso resulta a falta de estímulo tanto do professor quanto do aluno?
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