bakhtin

No último fim de semana (06 e 07), participei mais uma vez do Roda dc Conversas Bakhtinianas e na segunda-feira participei do I Simpósio de Contribuições de Bakhtin à Linguística e a Educação. Esses dois eventos contaram com a participação do Professor Augusto Ponzio (autor de A Revolução Bakhtiniana) e da Professora Susan Petrilli.

O grande diferencial, principalmente do Rodas, é o formato do evento. Inspirado no Círculo de Bakhitn, as atividades reproduzem os debates do círculo, sem a necessidade de chatíssimas e muitas vezes improdutivas apresentações de papers. Na minha opinião, é um dos eventos mais produtivos de que já participei. (não que eu seja um arroz-de-festa de congressos).

O tema do evento do evento foi “Bakhtin e a atividade estética – Novos Caminhos para a Ética”. No sábado, que foi o dia que realmente participei, houve uma conversa entre o Prof. Ponzio e o Prof. Faracco (UFSC) sobre “A atividade estética em Bakhtin”. Reproduzirei abaixo algumas anotações. Do I Seminário, falarei mais tarde, pois há pontos que eu preciso trabalhar melhor.

Ponzio

  • O que significa ser Bakhtiniano:
    • significar tomar distância da realidade ou do objeto de pesquisa, não nos identficarmos (posicionamento exotópico).
    • estamos colado no propróio “eu” por adesão ideológica. Nossa incapacidade de tomarmos distância revela nossa incapacidade de crítica.
    • ser bakhtiniano é rir de si mesmo: Bakhtin é um autor carnavalesco
    • Bakhtin é um autor inclassificável –> indisciplinado
  • a propósito de mim, duas perguntas que devo fazer: quem sou eu e quem é esse que se apresenta perante o espelho
    • somos feitos de palavras e devemos tomar distanciamento dessas palavras.
  • sobre a palavra e a alteridade: palavra na palavra e sobre a palavra.
    • a palavra é habitada e co-habitada
    • encerrar-se na própria palavra é arrogância
    • a liberdade de palavfa nao existe o outro
    • não pode existir propriedade privada sobre a palavra
    • a palavra é para o outro
  • sobre a tradução: traduzir é tomar consciência das diferenças entre as línguas
  • sobre arte e responsabilidade:
    • se a arte não é transportada para a vida, a arte é inútil
    • contra o uso da linguagem como camomila
    • o escritor é um filósofo da linguagem, já que ele cria um distanciamento dela
    • o escritor já renunciou a liberdade da palavra
    • “só na literatura existe uma relação verdadeira com o outro” (Ítalo Calvino)
  • sobre o ato ético: somos únicos no mundo
  • aforismos:
    • “toda trégua é uma preparação para a guerra
    • nós temos na cabeça o “eu sou” e esquecemos do “os outros são”
    • penso logo falo, logo existem os outros
    • o problema não é acreditar em Deus. Será que Deus acredita em mim?

Faracco

  • ético em Bakhtin: beco sem saída
  • atividade estética: atividade construtiva
    • na verdade, o estético é imanente
    • formalista: estético em si
    • autor / personagem: posição axiológica –> 2 consciências não coincidentes
      • autor: estético formal
      • personagem: dizer o “eu” na palavra do outro
  • unicidade da minha existência: minha assinatura
    • viver de sim mesmo não significa viver para si mesmo
    • como defender uma ética sem álibi num tempo c/ álibi
  • polifonia: ágora perfeito
    • multidão de vozes
  • carnavalização: impulso utópico

Meu texto  publicado no Rodas: 1

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