encontros e desencontros

Amigos,

Não é segredo para nenhum de vocês que eu sou tão crente como um pé de alface. Crente não no sentido evangélico do texto, mas no sentido de crer em algo espiritual ou divino. Para mim, deus ou um torresmo dá no mesmo, com a diferença que eu sei que torresmo é real. Na verdade, o mais próximo que eu cheguei de uma divindade foi quando estive perto da Daniela Ciccareli. (naquela ocasião, também percebi que a questão dos seis dedos era irrelevante).

Se não acredito em deus ou qualquer coisa parecida, acredito muito menos em destino. Não existe tal coisa. O que há é uma série de encontros e desencontros. Pessoas perdidas querendo ser encontradas ou esquecidas.

Diante dessa aleatoriedade da vida, sabendo que irrepetibilidade dos momentos que vivemos, só nos resta uma opção: fazer de cada minuto, um minuto eterno, significativo. Quando esse minuto acabar, quando esse segundo deixar de existir, ele não se repetirá. Jamais.

Aviso aos porra-louca! Não estou querendo dizer que vocês devem sair por aí, tentando se matar a cada segundo, achando que a vida acabará. No alto da minha arrogância, vou afirmar: viver plenamente o momento aleatório e irrepetível é viver as pessoas que estão do seu lado.

Em uma entrevista que a memória não permite lembrar a época, o linguista / semiólogo / professor umberto eco disse que a relação professor – aluno é uma relação de canibalismo, onde o professor come a carne jovem dos alunos e o alunos comem a experiência do professor. Decidamente, acho que o aluno sai perdendo. A nossa experiência, digo, a minha experiência como professor não é tão grande nem tão profunda assim, mas a juventude de vocês é esplendorosa.

Para de enrolar e vou direto ao ponto: quero dizer que vocês foram e são muito importantes para mim. Vocês me transformaram como professor, deram-me confiança para procurar novos desafios profissionais. Cada minuto que eu passei com vocês – até aqueles em que vocês me encheram o saco – foi único e valoroso.

Saio do Heitor Garcia. Saio no momento em que eu tinha que tomar decisões: ou aceitava um grande desafio ou nunca mais teria a oportunidade. Vocês já sabem a minha decisão.

Alguns de vocês devem estar se perguntando: por que ele não falou antes? Não falei porque não queria, sob hipótese alguma, atrapalhar o planejamento da escola.

Em tempo, é bom que se diga. Nunca fui tão bem tratado por uma direção de escola como fui na escola de vocês. Eles fizeram de tudo para que eu ficasse, mas o desconhecido e o desafio falaram mais alto. Não estou saindo para trabalhar em um lugar melhor, o lugar melhor é onde vocês estão. Repito: o lugar melhor é onde vocês estão, pois o colégio está numa ânsia, digo até um tesão, de fazer da experiência escolar de vocês a melhor possível.

Eu saio da escola de vocês, mas vocês jamais sairão de mim.