o ódio à inteligência e o elogio ao brucutu

Como é de praxe, a tradição brasileira é de fazer dos livros calço para mesas tortas. Vivemos um país em que a sabedoria adquira na atividade prática, na realidade sensível, é a única valorizada. O conhecimento vindo de um cabo de enxada é mais valorizado do que o conhecimento vindo de um livro.
De acordo com a matéria da Folha de São Paulo de hoje (04/08), http://goo.gl/zSkbFx os gestores da educação reclamam que os docentes formados nas universidades brasileiras são muito teóricos e não tem o conhecimento prático necessário para a atuar em sala de aula pois as universidades não preparam o professor para ensinar. De acordo com o ministro da Educação, Aloísio Mercadante, "não dá pra formar um professor só lendo Piaget".
Parafraseando Caetano Veloso, não há afirmação mais burra que essa. Em primeiro lugar, o professor no Brasil não é bem formado e nem toda a competência técnica para atuar com segurança em sala de aula. Se o professor brasileiro dispusesse de uma boa formação teórica, ele seria capaz de resolver muitos dos problemas de sala de aula.
Na educação básica, por exemplo, a maioria esmagadora dos professores não tem formação adequada para lidar com as variáveis associadas ao processo de ensino. Sabem ensinar, alfabetizar e formar de um modo apenas. Se, por acaso, algum aluno apresenta características diferentes daquelas apresentadas na formação do docente, o professor imediatamente culpabiliza o aluno, muitas vezes patologizando-o. No ensino médio, por sua vez, muitos professores são incapazes de associar o conteúdo programático à realidade do aluno e o vestibular e o Enem acabam sendo a única orientação.
Todos os problemas descritos acima são resultados da fragilidade teórica da formação do professor. Em qualquer profissão, a teoria ilumina, reconstrói e resignifica a prática. Em ênfase no aspecto da realidade sensível faz do professor apenas um reprodutor de conteúdos e não faz dele um profissional capaz de alguma atividade crítica.
Nenhum profissional sai pronto das universidades. A formação de qualquer profissional é contínua e acumulativa.
Deve-se, assim, questionar a quem interessa um professor com mais conhecimentos práticos do que teóricos

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