sobre o cigarro



Nos anos 80, se o sujeito não fumasse, muitos duvidariam de seu caráter. Fumar era tão habitual quanto chupar uma casquinha.
A relação entre criança e o fumo era ambígua. Se por um lado, a criança de 14 ou 15 que fumasse era considerada rebelde ou transgressora, por outro lado havia a expectativa que todos tornassem-se fumantes, pois colecionávamos marcas de cigarros e muitos produtos construiam associações com o cigarro.
Duas marcas de produtos infantis faziam associações com o cigarro, as canetas sylvapen e os cigarrinhos da pan. O interessante é como cada marca constrói a imagem da criança fumante. Para construir a imagem de um artista, meio salvador dalí, a sylvapen usa uma criança loira; para construir a imagem de um pequeno malandro, a pan usa a imagem de um menino negro.
À criança branca, o ato de fumar está associado à sofisticação. À criança negra, o ato de fumar chega quase a ser vulgar.
O preconceito é, sim, polifônico! 

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